domingo, 26 de junho de 2016

5206 - Carvão: riqueza do Vale do Caí sediada em Brochier

O carvão vegetal é importante riqueza do município de Brochier

Em 1994 a família Musskopf começou a primeira linha de produção de carvão vegetal. Em quatro anos já adquiria o primeiro caminhão para entregas. O crescimento da empresa levou, em 2003, à abertura de mais uma linha de produção. Em 2005 é adquirida a marca ‘Carvão Ivoti’, reconhecida pela qualidade e 53 anos de história. Atualmente, a área construída ocupa 10 mil m² em Pinheiro Machado, interior de Brochier. É a maior produtora de carvão vegetal do estado e uma das maiores do País. A frota já conta com 17 veículos. Os 40 funcionários produzem atualmente 120 toneladas semanalmente, mas a indústria tem capacidade para produzir até 200 toneladas, demanda alcançada durante o verão, época de maior consumo do produto. Até lá, a produção excedente é guardada em modernos pavilhões. Toda a produção é feita dentro de todas as normas e legislações. Mas a dimensão da empresa não deixa de lado a condição de negócio familiar, sendo conduzida por Waldair Musskopf, a esposa e dois filhos. A empresa ainda favorece cerca de 200 famílias do Vale do Caí, que produzem carvão e vendem para a Ivoti. Um exemplo de empreendedorismo e adequação às leis, num mercado que gera milhares de empregos no país, mas que ainda carece de legislação mais justa e mais investimento governamental.


Economia crescente
Brochier detém o título de Capital do Carvão Vegetal. E não é a toa. Além da Carvão Ivoti, maior produtora do Estado, o município conta com mais de 30 empresas dedicadas ao produto. “Estimamos que trinta por cento de nossa economia gire em torno da produção de carvão vegetal”, observa o prefeito em exercício, Fabio Wendt. Ele participou na última quinta-feira, dia 23, do 2º Seminário Estadual sobre Produção Sustentável de Carvão Vegetal, realizado na cidade. O evento, que reuniu grande público na Comunidade Evangélica, tratou principalmente dos detalhes relativos à resolução nº 315/2016 do Conselho Estadual do Meio Ambiente (Consema) da Secretaria da Agricultura, Pecuária e Irrigação (Seapi), que determina novas regras para a produção de carvão.

O assistente técnico regional na área de Carvão Vegetal da Emater/RS-Ascar, engenheiro agrônomo Fábio Encarnação, explica que a produção de carvão se tornou muito dinâmica nos últimos anos, apresentando alto índice de crescimento, tornando-se assim uma alternativa de renda para quem trabalha com a madeira como matéria prima, inclusive para os agricultores familiares. “Nesse sentido, debater o tema passa a ser fundamental”, analisa. Da mesma forma, de acordo com a avaliação do agrônomo, é importante estar atento às recentes pesquisas realizadas sobre o tema, bem como sobre as novas resoluções e tecnologias que invariavelmente representarão avanços na área.


Tecnologias
Fabio Wendt aponta para a necessidade de uma legislação mais justa para normatizar o setor produtivo de carvão vegetal. 

“Entendemos a necessidade de se proteger o meio ambiente, mas não podemos simplesmente tirar o pão da mesa do produtor”, comenta. Segundo ele, é necessário que as tecnologias avancem na direção de melhorar a qualidade de vida do agricultor. “O colono não é um criminoso”.

Uma das formas de melhorar a renda seria a produção do extrato pirolenhoso. O produto é resultante da condensação da fumaça gerada na queima da madeira e, em especial, durante a produção de carvão vegetal. “Com uma tecnologia adequada, nosso produtor vai agregar mais valor à sua produção”, ressalta, pedindo mais atenção dos setores de pesquisa dos governos e universidades para o assunto. O uso do composto como conservante em cosméticos e alimentos aumentaria muito o valor agregado do carvão vegetal.

Para Cleiton Musskopf, a adequação da empresa às novas legislações não atrapalharam o crescimento. “Nosso cliente também nos exige que estejamos de acordo com as normas ambientais, leis trabalhistas e comerciais. E estamos sempre nos adequando. Isto, no final, se torna muito mais vantajoso do que se estivéssemos à margem da lei”, sustenta.


EmpreendedorismoCleiton Musskopf, 24 anos, é um dos filhos de Aldair, e praticamente se criou ao lado dos fornos de carvão. Formado em ciências contábeis, ajuda na administração da empresa, e fala com entusiasmo do perfil empreendedor do pai. “Desde o início, todo dinheiro que sobrava, ele construía alguma coisa, e continua assim”, relata, mostrando a obra que vai abrigar os novos escritórios e uma residência. Além disso, nos modernos galpões está a grande ‘poupança’ dos Musskopf: a produção excedente, aguardando a demanda de alto verão.

Outro assunto que orgulha Cleiton é o relacionamento da empresa com pequenos produtores. “Antes as famílias produziam carvão como atividade secundária, agora isto se inverteu. Nós temos cerca de 200 famílias, de Brochier e outras cidades da região, que produzem e nos vendem. Pagamos à vista. E sabemos que, se não fizermos assim, eles não terão o pão para colocar na mesa”. É destes pequenos produtores que vem a maior parte do carvão vendido pela Ivoti. 

Nos fornos próprios são produzidos cerca de 40% da demanda
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Matéria de J B Cardoso para o jornal Fato Novo

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